O Novo Urbanismo surgiu para oferecer respostas às necessidades das pessoas de se conectarem com as cidades, com suas habitações e com os meios de transporte
Falar de urbanismo também é falar do novo, já que as duas palavras se assemelham em sua etimologia. O novo, você sabe, é o início de um ciclo, de um processo, é aquela novidade que pode ser tendência, necessidade ou evolução.
Já o urbanismo é uma ciência humana, é o estudo sistematizado para organizar e racionalizar uma cidade para criar as melhores condições de habitá-las. É um processo em construção. É a necessidade de estar em mutação e promover a novidade.
Portanto, a discussão sobre o Novo Urbanismo é constante. Não pode parar nunca e exige atenção de políticas públicas e privadas repetidamente, em um ciclo recorrente. Pois a necessidade desse debate já acontece há bastante tempo.
O conceito de Novo Urbanismo surgiu no início da década de 1980, mas foi influenciado por padrões urbanos que nasceram juntos – ou até mesmo antes – da invasão das ruas pelos automóveis. Isso quer dizer que onde há pessoas, serviços, casas e meios de transporte, há a necessidade de discutir constantemente o urbanismo e suas mudanças necessárias. Por quê?
Necessidade de planejamento
Porque o Novo Urbanismo nasce da necessidade de planejamento urbano. Surge do crescimento desenfreado de uma cidade, demandando soluções para problemas consequentes dessa expansão.
Um exemplo são as diversas maneiras de otimizar a mobilidade urbana. Pois o conceito dessa inovação é reduzir a movimentação de veículos nas ruas e diminuir a emissão de gás carbônico na atmosfera. Afinal, estabelecer uma relação entre pessoas e cidades é um dos objetivos dessa premissa.
O Novo Urbanismo na prática
Na prática, o Novo Urbanismo se preocupa constantemente em encontrar respostas para uma cidade melhor. Reconhece que é preciso priorizar as áreas para pedestres e ciclistas e reduzir distâncias entre os serviços básicos necessários para a população, por exemplo.
O Novo Urbanismo é sustentável, incentiva a prática de exercícios, investe no acolhimento e no compartilhamento. Propicia iniciativas técnicas, administrativas e sociais de olho no desenvolvimento humano.
Confira alguns exemplos de cidades que foram pioneiras em pensar – e agir – com os princípios do Novo Urbanismo:
- Seaside, na Flórida – Considerada a primeira cidade planejada segundo as premissas do Novo Urbanismo. Foi projetada em 1981, pelos arquitetos Andrés Duany e Elizabeth Plater- Zyberk. O projeto deu prioridade aos tipos de espaços públicos e tipos de edificações e áreas verdes, sem deixar de lado o relacionamento entre os empreendedores, os projetistas e demais grupos de interesses.
Além de ser uma referência para projetos urbanos no mundo, tem uma curiosidade: serviu de cenário para o filme “O Show de Truman”, do diretor Peter Weir. Uma cidade que funcionava perfeitamente na ficção e tem a meta de ser assim na realidade.
- Joanesburgo, na África do Sul – Um grande exemplo de tecnologia e sustentabilidade dentro do Novo Urbanismo. Uma cidade cosmopolita, com áreas residenciais e comerciais amplamente sofisticadas e que oferecem atrações arquitetônicas, culturais e artísticas para todos os gostos, além de uma mobilidade urbana eficaz.
- Bruxelas, na Bélgica – A cidade passou a se reinventar, levando em conta o princípio do Novo Urbanismo, no começo dos anos 2000. Como? Dando ênfase a um planejamento urbano transformador, investindo na mobilidade urbana e na descentralização de serviços públicos. Além disso, as áreas centrais da capital foram revitalizadas. Uma cidade cosmopolita que coloca as necessidades do cidadão como prioridade.
E no Brasil?
O arquiteto Paulo Kawahara, do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, parceiro no projeto do bairro planejado Bairru Parc, explica que algumas cidades do Brasil têm bairros ou regiões que priorizam o Novo Urbanismo:
É o caso de algumas regiões de Curitiba, como a Rua Padre Anchieta e a Avenida República Argentina, por exemplo, que têm canaletas para os ônibus, vias compartilhadas com bicicletas e galerias comerciais, estimulando a circulação de pedestres.”
Ele exemplifica regiões de outras cidades, como o Bairro Jardins, em São Paulo e a Zona Leste do Rio de Janeiro, onde se pode fazer tudo a pé e a infraestrutura oferecida atende às premissas modernas do urbanismo. “No Brasil, cada cidade tem suas partes boas de morar, mas não existe uma cidade inteira que atende o Novo Urbanismo”, considera.
Para ele, no entanto, o importante é “começar”. E se algumas cidades já oferecem regiões dentro dos conceitos do Novo Urbanismo ou até mesmo bairros planejados, esse “começo” já está acontecendo e é transformador.
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