Reduzindo os impactos no meio ambiente e melhorando a mobilidade urbana, o carro elétrico deixa de ser uma tendência e se torna uma opção cada vez mais viável e presente

Custo e autonomia. Essa dupla pode assustar quem pensa em ter um carro elétrico, mas ainda não está convencido dos benefícios. A indústria automotiva, no entanto, se prepara cada vez mais para atender às demandas e popularizar esse tipo de veículo. Buscando entender se o Brasil está preparado para essa realidade e as vantagens da eletrificação, conversamos com a especialista em Modalidade Sustentável Silvia Barcick, também diretora da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).

Silvia afirma que ainda existe uma série de conceitos para desmistificar sobre o tema, como a autonomia:

A média que as pessoas utilizam o carro por dia é de 60 km. O carro elétrico tem 350 km de autonomia, então a autonomia não pode ser um desestimulante para quem quer ter um carro elétrico”.

Especialista em Mobilidade Sustentável e colunista do Estadão para o Caderno Mobilidade, Silvia Barcick afirma que a o caminho para a popularização do carro elétrico já vem sendo percorrido – Foto: divulgação

Além disso, a especialista compara a recarga dos veículos com os celulares, fazendo alusão aos postos de abastecimentos: “Você não espera acabar totalmente a bateria de um celular para carregar novamente. Quando você vê uma tomada, já dá uma carga para ter segurança”. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), existem cerca de 500 estações de eletropostos particulares e 500 pontos públicos de recarga no Brasil.

E por conta do aumento dos investimentos e da busca constante por soluções mais sustentáveis, o número de eletropostos têm crescido exponencialmente. Nos centros comerciais, bairros planejados ou comunidades, eles já são realidade, acompanhando o crescimento da procura por esse tipo de veículo.

Incentivos e vantagens

Superada a questão da autonomia, é preciso levar em conta que o governo e a indústria automotiva também veem vantagens nos carros elétricos. Ambos buscam alternativas para aumentar a venda desse tipo de automóvel; como os incentivos para redução do IPVA, investimentos robustos em ampliação de infraestrutura de recarga e isenção do rodízio de automóveis.

Mas quais as vantagens dos carros elétricos?

Este tipo de veículo é o mais sustentável, sem motor a combustão e movido a bateria recarregável. Assim como o meio ambiente, o usuário sai ganhando, pois gasta menos em combustível e tem vários benefícios. “Para fazer essa comparação, consideramos a análise Well-to-Wheel (Do Poço à Roda) e claramente vemos a eficiência de um veículo elétrico abastecido com fontes renováveis de energia. O percentual de aproveitamento é significativamente superior ao modelo de combustão apresentado”, explica a diretora da ABVE.

Carro elétrico mais barato vendido no Brasil atualmente, o chinês JAC iEV20 tem autonomia de 400 km e alcança a velocidade máxima de 110 km/h – Foto: divulgação

Com relação ao preço, várias montadoras já procuram baratear alguns modelos. Hoje, um carro elétrico está custando, no mínimo, R$ 150 mil no mercado brasileiro. Não é o valor de um carro popular, mas é preciso levar em consideração que os carros que chegam ao Brasil, por uma série de questões, acabam sendo de uma categoria considerada de “luxo” e, portanto, mais caras.

Vendas em crescimento constante

Quanto à adesão aos carros elétricos, Silvia cita os números da Associação Nacional de Veículos Automotivos (Anfavea). De janeiro a maio do ano passado, foram vendidos 515 carros elétricos no Brasil. No mesmo período deste ano, o número saltou para 2.307. “Não é uma realidade que vai voltar atrás”, comenta.

No ano passado, o mercado de carros elétricos e híbridos apresentou um recorde de 34,9 mil unidades vendidas. Esses números significam um aumento de 77% em relação aos 19,7 mil emplacamentos feitos em 2019. A expectativa para 2022 é que o Brasil pode chegar a 100 mil carros elétricos circulando.

Ainda existe um grande caminho para os carros elétricos se popularizarem, mas Silvia garante que essa estrada já está sendo percorrida. As cidades estão melhorando sua infraestrutura e os incentivos governamentais também estão indo ao encontro dessa popularização. É realidade que já está acontecendo: aqui e agora.

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